Stetic Cris

sábado, 13 de novembro de 2010

Avaliação da qualidade de atendimento do profisional de Estética em adolescentes com acne vulgar.



 

Para compor a pesquisa de dissertação de mestrado que tem como tema “Saúde do Adolescente: o cuidado da acne pela educação”, foram divulgadas por meio de um site perguntas que buscavam avaliar o conhecimento da doença, a atenção familiar, o atendimento na rede pública de saúde e as dificuldades psicossociais enfrentadas por adolescentes e jovens. Aproveitando a oportunidade, perguntas sobre o atendimento do profissional de estética foram inseridas como forma de avaliar a qualidade desse atendimento e abaixo os resultados estão descritos.
Resultados
Participaram da pesquisa 645 jovens de todos os estados, no período de outubro de 2009 a maio de 2010.

A figura 1 demonstra a procura dos serviços de estética pelos portadores de acne, em que 68% declaram que nunca se submeteram a procedimentos com esteticistas, e 32% já trataram a acne com esses profissionais.

Na figura 2, dos 32% que trataram da acne com esteticistas, 64% declaram que o atendimento deu resultados, e 36% informam que os resultados não foram satisfatórios.

Sobre as informações passadas no momento do atendimento na figura 3, 36% informam que o profissional passou muitas informações, 46% dizem que passou poucas informações e 18% declaram que os profissionais não informaram sobre a acne.

Sobre perguntas feitas pelos portadores, durante o atendimento, na figura 4 observam-se que 65% foram respondidas, 15% não foram respondidas e 20% dos atendidos não fez perguntas.

A figura 5 retrata as informações passadas acerca dos produtos cosméticos indicados para os adolescentes e jovens com acne, sendo que 13% dos profissionais, explicou para o responsável as indicações dos produtos e, 24% para o portador, 14% orientou como usar para o responsável e, 29% para o adolescente ou jovem, 6% falou para que serve e como usar para o responsável e, 14% para o portador.

Discussão
Observamos na primeira pergunta o baixo índice da procura pelos serviços dos profissionais de estética em relação ao atendimento as lesões acneicas, apesar de que, na segunda pergunta, está demonstrado que este atendimento teve um bom prognóstico em relação aos resultados. Isso demonstra que apesar da profissão ter iniciado na década de cinquenta, ainda não conseguiu a certificação e valorização de sua atuação, necessitando de uma pesquisa mais direcionada para apontar as dificuldades. A terceira pergunta retrata a pouca atenção dos profissionais aos adolescentes e jovens durante o atendimento, pois somados os resultados entre os que passaram poucas informações e os que não passaram informações teremos um total de 64%, contra apenas 36%, dos que passaram muitas informações. Cabe aqui uma análise sobre a formação dos profissionais nos cursos técnicos e superiores, onde deveriam ser inseridas nos conteúdos programáticos informações sobre a importância da qualidade do atendimento em saúde, onde a informação é fundamental, cumprindo-se assim um atendimento humanitário por meio da atenção, prevenção e promoção de saúde. Já a quarta pergunta esclarece que dos adolescentes e jovens, que fizeram perguntas durante o atendimento, 65% dos profissionais responderam aos questionamentos, apesar do número significativo, essa informação também deve ser passada espontaneamente e não apenas quando solicitada, isso fará com que o portador compreenda a importância de sua participação na busca do controle do quadro acneico. A quinta e última pergunta esclarece que 33% dos profissionais passam algum tipo de informação para o responsável e 67% para o portador e que poucos explicam para que serve e como usar cada produto indicado. O atendimento aos jovens e adolescentes é especial, pois lida com a fase mais marcante de transformação do ser humano e sua participação deve ser incentivada, criando a noção de autonomia e responsabilidade por sua saúde e, mesmo que ainda seja importante a participação da família, isso deve ocorrer de forma sutil. Desta forma, se faz necessário que os produtos cosméticos indicados para o tratamento sejam apresentados de forma clara e objetiva, para que o jovem compreenda as indicações e a maneira correta de utilizá-los.


Conclusão
Apesar dos 56 anos de atividades profissionais, muito ainda precisa ser analisado, elaborado e conquistado para que a profissão consiga de fato e de direito atingir sua “maturidade”, e um dos grandes entraves, é a falta de regulamentação que permite uma disparidade absurda no grau de conhecimento, daqueles que exercem suas atividades laborais na Estética e Cosmetologia. A profissão é reconhecida pelo Ministério da Educação e Cultura e Ministério do Trabalho e Emprego, mas ainda não é reconhecida pelo Ministério da Saúde. Observando o parecer CNE/CES 436 de 04/04/2001¹ que esclarece que a área profissional de saúde abrange ações unificadas de proteção e prevenção, educação, recuperação e reabilitação referentes às necessidades individuais e coletivas, objetivando a promoção de saúde, baseada em modelo que ultrapasse a ênfase na assistência médico-hospitalar, chega-se à conclusão de que é imprescindível que os cursos superiores e técnicos tracem metas, que contribuam para uma nova postura do profissional frente a sua atuação nos consultórios de estética, assim como, a participação e produção de pesquisas, inclusive em associação a outras áreas de saúde, possibilitando a inclusão em equipes multidisciplinares. A importância e a necessidade de mudanças nas grades curriculares das instituições de ensino, que possibilitem a inclusão do profissional de estética nas equipes multidisciplinares ficam claras no texto abaixo.
“A atenção e a assistência à saúde abrangem todas as dimensões do ser humano – biológica, psicológica, social, espiritual, ecológica – e são desenvolvidas por meio de atividades diversificadas, dentre as quais biodiagnóstico, enfermagem, estética, farmácia, nutrição, radiologia e diagnóstico por imagem em saúde, reabilitação, saúde bucal, saúde e segurança no trabalho, saúde visual e vigilância sanitária. As ações integradas de saúde são realizadas em estabelecimentos específicos de assistência à saúde, tais como postos, centros, hospitais, laboratórios e consultórios profissionais, e em outros ambientes como domicílios, escolas, creches, centros comunitários, empresas e demais locais de trabalho (Brasil, CNE/CES 436, 2001, pág 22).”



Ainda pouco exercida e pouco difundida, as ações sociais podem demonstrar a importância para a saúde da atuação dos esteticistas, seja por meio de oficinas de atendimento ou de palestras de conscientização, como a importância do uso do filtro solar, esclarecimentos sobre a acne em escolas, centros comunitários, igrejas, entre outros. Essas ações, além dos inúmeros benefícios para a saúde da população, ajudariam na divulgação da atividade laboral. E, por último, o estudo e o incentivo das práticas das terapias alternativas, nas quais por meio de pesquisas haveria a certificação dos múltiplos benefícios como forma de atenção, prevenção e promoção de saúde. Atualmente o Sistema Único de Saúde – SUS – reconhece como Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)², a Medicina Tradicional Chinesa, a acupuntura, homeopatia, fitoterapia e termalismo social/crenoterapia, mas existem muitas outras terapias como a aromaterapia, cromoterapia, geoterapia, reflexologia, que precisam ser também reconhecidas, valorizadas e utilizadas na busca de atender ao ser integral, holístico, que compreende o bem-estar físico, mental e social, como fatores determinantes e condicionantes da saúde. As atividades dos esteticistas sempre proporcionaram bem-estar e, por conseguinte, a saúde, mas, as terapias alternativas há muito vêm sendo introduzidas nas atividades cotidianas, como forma de agregar valores ou criar vínculo com o cliente, proporcionando aumento dos benefícios, como a diminuição do estresse e, logo, suas consequências, mas para que haja um maior compromisso com os preceitos norteadores da saúde só falta a regulamentação, que proporcionará uma maior fiscalização na formação profissional e estabelecerá direitos e deveres profissionais, assim como, o reconhecimento da atividade como área de saúde pelo Ministério, mas até lá estratégias devem ser implementadas para que a qualidade dos serviços prestados possam proporcionar à profissão o reconhecimento, a procura e o respeito.
¹Brasil. Parecer CNE/CES 436 de 04/04/2001. Cursos Superiores de Tecnologia – Formação de Tecnólogos. Despacho do Ministro em 05/04/200, publicado no Diário Oficial da União de 06/04/2001, Seção 1E, p. 67. Capturado em 27 de julho de 2010. Disponível em http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES0436.pdf
²Brasil. Portaria nº 971, de 3 de maio de 2006. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Capturado em 27 de julho de 2010. Disponível em http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/PNPIC.pdf


Prof.a Rosaline Kelly Gomes
Tecnóloga em Estética e Cosmetologia.  

By Revista Personalitè.
Edição 68.

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